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Fila de Zema: Governador mineiro copia o de São Paulo e deixa criança de 2 anos a espera de cirurgia no coração

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Luara Rodrigues: Do Expresso 365

08/06/2025

A vida de Vanessa Melo, de 34 anos de idade, virou de cabeça para baixo há uma semana.
Desde que ela foi ao supermercado com o filho de 2 anos, e sem querer ele encostou em uma barra de chocolate ao leite.
Esse encostar para qualquer pessoa não teria problema algum, mas para o pequeno Lucas Gabriel, foi o que quase significou a morte.
A criança tem uma alergia severa ao leite e todos os seus derivados, descoberta ainda nos seus primeiros meses de vida, desde os 8 meses, Lucas tem uma vida restritiva, e a família tem controlado isso como possível.
No último 30 de maio, ele foi no mercado com a mãe e encostou numa barra de chocolate, impulsionado por impulsos de qualquer criança nessa idade.
A chamada contaminação cruzada foi o suficiente para dar reação em instantes no garoto, que deixou a loja desacordado.

O menino foi socorrido para um hospital de Nova Lima, MG, onde reside com a família, precisou de manobras de ressuscitação e voltou a vida.
Contudo, o tempo desacordado e a parada sofrida levaram a uma lesão cardíaca que precisa ser reparada com cirurgia, onde o drama se complica.
A operação que deveria ser feita de forma emergencial, está classificada como cirurgia eletiva. Lucas não tem data para ser operado e a medida que o tempo passa, a lesão cardiológica pode se agravar.

O menino chegou a ser transferido para a capital mineira, onde esperava a mãe, ele pudesse receber atenção e ser operado.
Mas na última sexta-feira, 6 de junho, a criança recebeu alta do hospital.
“Os médicos disseram que ele estava temporariamente fora de perigo e por isso podia ir pra casa, pra evitar riscos de exposição a infecções desnecessárias. Daqui 15 dias temos que retornar para uma consulta de rotina, até que marquem a operação”, conta a mãe.

Vanessa destaca que o filho nunca teve problema cardíaco antes, situação que a deixou desesperada. E que pelas informações que buscou, esse tipo de cirurgia precisa ser feita rapidamente.
Para fazer pela rede particular, o procedimento tem custo de mais de R$ 90 mill, e a mãe da criança não tem esse recurso disponível.
“Estamos dependendo da Secretaria marcar a cirurgia, e cada dia que passa, eu tenho medo de meu filho passar mal de novo”.

A cardiologista Amanda Teixeira, explicou a Reportagem do Expresso 365, que qualquer procedimento no coração deve ser adotado como emergencial.
“Todas as vezes que falamos de coração, um órgão vital para o corpo, falamos de emergencias, não há que se falar em eletivo”.
A médica porém destaca que as Secretarias Municipais e estaduais de saúde tem brincado com a vida das pessoas no Brasil, adultos e crianças.
Amanda atende em São Paulo e disse já ter perdido as contas de quantos pacientes a procuram para pedir apoio, em conseguir procedimentos emergenciais.
A médica destaca que mesmo com laudos e exames, as classificações continuam deixando procedimentos em caráter eletivo, pondo em risco a vida de pacientes.

A Reportagem do Expresso 365, procurou a Prefeitura de Nova Lima, que informou que a criança foi socorrida pela equipe do SAMU ao passar mal em 30 de maio, ficou alguns dias internada na rede, e depois foi transferida para hospital de alta complexidade na capital mineira, dada a gravidade de sua situação.
A Pasta reitera que o caso é estadual, pois demanda de uma cirurgia que o Município não está apto a realizar.

A Secretaria Estadual de Minas Gerais, signatária de um termo com o Ministério Público Federal para acabar com cirurgias cardíacas eletivas no estado, não respondeu aos contatos até a publicação da matéria.
Assim como ocorre em São Paulo, a Pasta e o estado, descumprem o TAC de forma clara, sem qualquer reação do MP.