Karoline Forrester: Jornalista Especial
Foto / Reprodução – Imagem mostra caixa de insulina de caneta produzida pela Novo Nordisk e usada no tratamento de Diabetes
Do Expresso 365 12/05/2025
O mundo atravessa há alguns anos, um grave problema no que se refere ao abastecimento da insulina humana, usada no tratamento do Diabetes.
O Brasil vem se classificando como fabricante em excelência no planeta desse tipo de medicação, apesar de haver escassez na matéria prima.
Em abril, a Novo Nordisk, uma das maiores fabricantes do mundo, anunciou um investimento de R$ 6,4 bilhões no país, o maior já feito por uma fabricante do medicamento no Brasil, para ampliar sua fábrica de Montes Claros em Minas Gerais.
Hoje 40% da insulina produzida no mundo e fabricada pela Novo Nordisk, é feita no Brasil. Com a ampliação que deve ficar pronta em 2 anos, a ideia é que isso chegue a metade.
Apesar de esses números todos isso não tem sido suficiente para aplacar um drama, iniciado em março deste ano, por algumas Prefeituras do estado do Paraná.
Cidades subordinadas a 16ª Regional de Saúde, situada em Apucarana, no noroeste do estado, acabaram interrompendo o fornecimento da insulina humana tipo caneta, NPH e Regular, para seus Munícipes.
Começou um jogo de queda de braço para culpar o responsável pelo não fornecimento da medicação.
Nas cidades, apenas as insulinas de frasco, que são no modelo antigo, menos eficaz são distribuídas.
Nesse tipo de insulina, o liquido da medicação tem que ser puxada no êmbolo de uma seringa e aplicada no paciente.
O outro problema do frasco para além de ser menos eficaz que a caneta, já que as insulinas dessa nova modalidade são mais tecnológicas e portanto, tem melhor efeito e absorção pelo organismo, é a acessibilidade.
Idosos e pessoas com deficiência visual, conseguem se aplicar a medicação sozinhos quando ela é de caneta, graças aos mecanismos desenvolvidos para a acessibilidade dessas pessoas.
Contudo, as insulinas de frasco, já não existe essa acessibilidade, portanto o tratamento fica prejudicado.
As cidades alegaram para seus munícipes, que a fabricante não estará mais fazendo as canetas e que por isso, apenas insulinas de frasco estariam sendo adquiridas.
O que é mentira. A Reportagem do Expresso 365, contactou a Novo Nordisk, que garantiu que a fabricação da insulina de caneta, está ocorrendo normalmente.
Hoje, 70% da insulina distribuída via governo, é por caneta e apenas 30%, ainda é em modalidade frasco.
Isso ocorre, por conta da dificuldade na matéria prima para as canetas, e por isso não são 100% das medicações, distribuídas nas canetas, explicou o laboratório.
Outra desculpa que foi dada por algumas Prefeituras é que a 16ª Regional de Saúde, não estaria mais fazendo a distribuição do medicamento.
A Reportagem do Expresso 365, entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde, responsável pela Regional.
A Pasta reiterou que o Ministério da Saúde, é quem faz a compra dos medicamentos, e repassa para que o estado envie as regionais de saúde.
São as Prefeituras Municipais que informam as suas regionais, quanto de insulina precisam a caneta e a frasco, para a distribuição.
Sendo assim fica claro que, as cidades em que faltam a medicação e a acessibilidade para sua usabilidade, não estão fazendo o pedido das insulinas, não porque não tem, mas porque não querem.
Isso ocorreu em pelo menos 5 cidades que compreendem a região de Apucarana, onde está a 16ª Regional de Saúde, pela apuração do Expresso 365.
Que começou a averiguar o caso, depois de denúncias chegarem a Equipe.
A Reportagem também foi verificar como está a distribuição da medicação em outras regionais do Paraná, e em outros estados, como Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Onde não faltam canetas para os diabéticos se aplicar a insulina.
A insulina é um hormônio produzido pelo corpo que tem como objetivo controlar o açúcar no sangue.
Em pessoas com Diabetes tipo 1, o corpo para de produzir totalmente essa insulina, e precisam tomar o hormônio para o controle da glicemia.
Em diabéticos tipo 2, esse hormônio é produzido de forma parcial e muitas das vezes é preciso a tomada do medicamento, para ajudar na regulação e controle do que falta.
O Brasil possue hoje, 21 milhões de pessoas com Diabetes, 10% de sua população. É uma das doenças que mais crescem no Brasil e a 2ª que mais cresce no mundo, o que preocupa autoridades de saúde.
No país, quase 18 milhões de pessoas tomam insulina, um número gigantesco.
No Paraná, estima-se que do total de pessoas que usam a insulina, 30% são idosos e pessoas com deficiência visual, o que pode por suas vidas em risco se não usarem a insulina a caneta, já que essas pessoas não tem quem possa as aplicar a medicação.
As cidades de São João do Ivaí, São Pedro e Bom Sucesso, são algumas das que, interromperam a distribuição entre março e abril, das insulinas de caneta para seus Munícipes.
Os Municípios disseram para algumas pessoas que a insulina deixaria de ser fabricada e posteriormente, que a 16ª Regional de Saúde, informou que não estava mais vindo o medicamento.
Na Novo Nordisk, a informação é contrária. O fornecimento de insulinas de caneta para o estado do Paraná, está sendo feito normalmente.