Por Mariana Ferrari
26/03/2025 | 6h
Quem acompanhou esta terça-feira, 25 de março, o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, entendeu que o ex-presidente é o alvo da vez da Suprema Corte do país.
Por mais argumentos que tenham sua defesa, nem um deles foi capaz de demover Alexandre de Moraes, relator do caso, e demais colegas Ministros da 1ª Turma do Supremo, a inibir a denúncia oferecida pela PGR.
Bolsonaro e outras 7 pessoas que eram ou são seus aliados políticos, estão apontados como líderes de uma organização criminosa que tentou aplicar um golpe de estado no Brasil.
Neste sentido é preciso entender, o cenário que o país vive, e o que significa de fato esse processo.
Quem acompanhou viu claramente que o STF não está interessado em esclarecer fatos, pois assumiu a narrativa trazida pela PF de que sim, houve uma tentativa de golpe no Brasil.
Essa narrativa foi produzida, a partir da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Mas há muitas controversas nas declarações de Cid, a julgar a idoneidade que ele tem para acusar.
Muitas das narrativas apresentadas por ele, não tem de fato, provas que corroborem e a Polícia Federal, produziu um indiciamento mesmo assim.
Foi a esta forma que usaram tempos atrás, para desconstruir a Lava Jato, maior esquema de corrupção já denunciado no Brasil.
A mesma estrutura usada lá, agora é usada neste processo, que tem muito mais documentos e muito mais gravidade, por se tratar de uma tentativa suposta de golpe a democracia do país.
Mauro Cid, acusa sem provas, generais do Exército que tem reputação ilibada, mais de 40 anos de serviços prestados a Força, e que não tem, a não ser em alguns discursos, que não podem ser tomados como prova, nada que os desabone.
Walter Braga Netto e Augusto Heleno, são homens condecorados do Exército brasileiro, que se quer deveriam estar na delação ou na denúncia crime.
O próprio Cid, não afirma em nem um momento, ou apresenta provas, que eles participaram ativamente da tentativa do golpe.
Todas as vezes em que questionados, ele diz que os generais estavam presentes em reuniões mas nada disseram sobre o tema discutido.
Se nada disseram, não se pode dizer que foram coniventes, ou contrários a tentativa em curso.
Mais do que isso, não há provas, pelo menos ainda não foram apresentadas, de que corroborem a participação de Heleno e Braga Netto, no famigerado plano de golpe.
Não há também nada, que indique eles visitando acampamentos golpistas, na frente de Quartéis no país, ou incitando as pessoas a irem a Brasília, no dia 8 de janeiro, depredarem prédios públicos.
Se não existem tais provas, como podem ser acusados?
Na verdade esta é uma resposta que parece simples. São aliados de Bolsonaro e tão só.
A lealdade com que serviram o Capitão, no seu breve período a Presidência, é que os tornam candidatos a réus em processo criminal, de forma tão desproporcional.
Não fosse a feroz vontade do STF e a obstinação de seus Ministros em impedir novas candidaturas de Bolsonaro e seu grupo político em 2026, tal processo talvez nem existisse.
Infelizmente existe e isso é uma mancha na Historia do Brasil, que no futuro os livros irão julgar.
Detalhe que é importante salientar. Jair Bolsonaro é um genocida.
Que por sua negação proporcionou o Brasil ser um dos campeões nas mortes pela pandemia do Covid-19.
Muitos de seu grupo político foram na mesma linha de atuação.
E se ele tivesse sendo julgado por isto, talvez este artigo estivesse em outra direção.
Mas não se pode confundir alhos com bugalhos.
Hoje o julgamento é o golpe de estado, que surgiu apenas na cabeça de alguns e não tem materialidade para se condenar, ou se quer tornar réus, generais da mais alta patente de estrelas do Exército brasileiro.
Mariana Ferrari é Jornalista de Política e Economia.
Atua pela Agencia Orcon Press, e trás tudo de mais importante e relevante dos bastidores do poder, direto de Brasília.
Antes foi correspondente da guerra Rússia Ucrânia direto de Kiev, entre os anos de 2022 e 2023.