Por Mariana Ratzinger
Todos nós já passamos por situações na vida em que paramos e pensamos, o que nessa ocasião eu poderia ter feito diferente?
São momentos cruciais que nos colocam nesses ápices onde fazemos um completo exame de consciência em cada um de nossos atos.
A verdade leitores, é que embora queiramos sempre estar atentos e protetores a tudo em especial quando se trata de alguém que amamos nem sempre dá.
As vezes trilhamos o caminho correto dentro da legalidade e da moralidade, e ainda assim cometemos falhas.
Ou nem tanto são falhas mas as vezes, as coisas apenas acontecem.
Isto serve para nos mostrar que apesar de todos os nossos mecanismos de proteção ainda somos falhos.
Não por nossa culpa, não! Mas porque estamos presentes num mundo cheio de nuances que precisamos entender se queremos proteger alguém ou evoluir como seres humanos.
Todos os dias é o que eu busco fazer desde que me entendo por gente.
Me acostumei desde muito cedo a ser responsável por minha família e cuidar de minha irmã mais jovem.
Em 2022 essa responsabilidade se transformou ao ver a minha pupila passar por uma das maiores transformações de sua vida.
Diabética e com problemas agravantes após o Covid-19, minha querida irmã acabou deficiente visual.
Não foi por minha culpa ou por qualquer erro que eu cometi nos tratamentos, foi uma condição que a vida a impôs.
Durante meses, mais do que ela ter que se adaptar com a nova condição, eu tive que me adaptar em descobrir que aquilo não era a minha culpa.
Me culpei muito por não perceber sinais que pudessem propiciar a sua deficiência.
Mas na verdade o que os médicos me disseram e o que era a verdade diante a meus olhos era que, não houveram sinais.
Minha irmã nunca teve qualquer demonstração que estava ficando diabética apenas ficou.
Quando começamos seu tratamento ao descobrir a doença, de novo, ela não demonstrou que perderia a visão.
E então numa tarde de uma hora para outra, ela teve um sangramento nos olhos e pronto, a deficiência surgiu.
Me tornei ainda mais protetora não no mal sentido nem no sufocante, tão pouco superprotetora como algumas famílias.
Eu queria o melhor para a minha irmã e que ela buscasse sua independência. Que dentro de suas limitações ela pudesse ter vida, constituir uma família, exatamente como sempre quis antes.
Mas com agora o diferente de que ela precisaria de adaptações e eu, me adaptar a elas.
Foi quando pesquisei e muito sobre o tema e eu descobri que existem inúmeras instituições que atendem pessoas com deficiência visual no Brasil.
Infelizmente nem todas são idôneas ou sérias.
Há muitas pessoas de caráter duvidoso por trás dessas entidades que estão ali, por questões políticas ou financeiras e não para ajudar na promoção da independência do deficiente de fato.
E acreditem algo que me causou grande impacto e estranhamento até certa indignação, é saber que existem locais onde acontecem absurdos surreais que pessoas sabem deles, mas ficam
silenciadas diante a esses fatos.
Como podem aceitar que uma pessoa seja inconveniente com alunas deficientes visuais?
Um estuprador contumaz sem acusações porque as estupradas tem medo ou são induzidas a não falar?
Inaceitável para qualquer mulher, para qualquer pessoa, ainda mais se tratando de alguém que conhece os dramas deste ato de perto. Na pele.
Mas a vida que segue, me trouxe para conhecer o Instituto Novorcon.
Foi quando eu descobri ainda mais que deficientes visuais poderiam ser mais do que imaginamos, evoluir de jeitos surpreendentemente lindos, e onde encontrei todas as respostas para as perguntas que no caso de minha irmã Karina, eu insistia em fazer.
No Novorcon, minha irmã tem aprendido a cada dia ser uma pessoa mais independente, eu um ser humano melhor.
Por isto neste 5 de janeiro, não há como não abrir este espaço, sem agradecer e homenagear, o que o Instituto e seus atendentes fazem por todas nós.
Deficientes, famílias, somos todos uma comunidade irmã, que tem um novo jeito, o certo jeito, de promover a inclusão social para as pessoas.
Ao Novorcon e a Agencia Orcon Press, que completa 1 ano de atividades nesta data, só gratidão.
E protetora como disse desde o começo que sou, tenham a certeza de que no que puder, protegerei este trabalho e todo este legado, porque merecem!
Antes de encerrar esta, que se alonga demais para ser apenas a 1ª de muitas que virão por aí, uma última questão.
Percebi nos últimos meses que por mais que eu queira proteger alguém, as pessoas precisam cometer erros para que possam ser seres humanos melhores.
E eu também erro, e aprendo com os meus, todos nós.