Por Nathália Carvalho
29/07/2024 | 5h57
A Sabesp, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, teve concluso na semana passada seu processo de privatização.
Mas essa questão deu muita confusão e ainda está dando o que falar.
Isso porque, a Equatorial Energia, que adquiriu 15% da ex-estatal como Investidora de Referência, pagou R$ 6,9 bilhões pelo pacote de ações compradas.
Isso deu, um total de R$ 67,04 por ação vendida.
Já os investidores pessoa física e os fundos de investimentos, que participaram da compra de 17% de ações diluídas, pagaram quase R$ 82,00 por ação.
A Equatorial então teria comprado ações com um desconto de quase 20%, comparando o valor de Mercado.
A polêmica entorno dos números, parece real, e levanta suspeitas daqueles que são menos familiarizados com o processo de Mercado e de Investimentos.
A Coluna hoje, vem desmistificar essa questão.
Longe de defender governo ou governador, mas o fato pelo fato é, não houve nem uma maracutaia na privatização e não, a Sabesp, não foi vendida a preço de banana.
Vamos entender o que de fato aconteceu.
A empresa teve o processo de privatização anunciado em 2023, quando foi cotada a R$ 45,00 por ação.
Em 2024, uma reunião do Conselho Administrativo da então Estatal, percebeu que houve valorização no Capital e essas ações subiram de valor.
O preço mínimo que uma empresa deveria oferecer para comprar ações da Companhia, seria de R$ 63,99.
A Equatorial foi a única empresa a aparecer, e oferecer ações pela aquisição dos 15% da Sabesp.
A empresa ofereceu R$ 67,04 por ação, ou seja, acima do mínimo exigido pela diretoria da Empresa.
Não houve nada de errado nesse processo, que então foi concluso.
Quando isso aconteceu, de olho na privatização e num possível lucro futuro da Companhia, suas ações dispararam na Bolsa.
O Mercado especulou tanto que no dia da compra pela Equatorial, a Sabesp estava negociando ações na B3 a R$ 75,90.
Já no dia da privatização efetiva, essa negociação entre investidores pessoa física, foi de R$ 82,02, por ação.
O valor que foi pago na aquisição, e que movimentou quase R$ 8 bilhões.
Ao todo o governo de SP, faturou com a venda, R$ 14,77 bilhões.
É a maior privatização do ano, uma das maiores da historia, e uma das maiores movimentações da Bolsa em 2024.
Mas então para finalizar, vamos relembrar outro fato importante.
Desde 1997, a Sabesp não é uma empresa 100% estatal.
A empresa já havia aberto seu capital na B3, e negociava 49,7% de suas ações.
Apenas 50,3% estavam nas mãos do estado, que seria o maior acionista e controlador da Estatal.
Deste montante, o governo colocou a venda agora, 32% de ações.
Sendo que, 15% foi para a Equatorial, que detém a maior participação unitária da empresa.
Atrás do governo paulista que ainda ficou com 18,3%.
Outros 17%, foram diluídos em 16 mil investidores que adquiriram as ações, no processo de venda de 22 de julho.
Nathália Carvalho é Empreendedora.
Publica coluna semanal as segundas-feiras na Agencia Orcon Press, para falar sobre investimentos e empreendedorismo.