Jornalista Guilherme Kalel |

Desafio a pessoa covarde que de forma anônima tentou prejudicar o Instituto Novorcon, com falsas denúncias sobre os torneios de xadrez, a apresentar uma denúncia verdadeira contra crimes praticados dentro da modalidade, a incluir abuso sexual nas competições

Por Jornalista Guilherme Kalel

10/04/2024

Cansado de tanta hipocrisia, e sob o risco de que com certeza algum maluco venha querer prejudicar ainda mais do que já o fizeram, estou aqui.
Escrevo hoje, não para provocar, mas para esclarecer.
Com a certeza de que estou com a verdade e no caminho correto, diferente de quem acusa sem provas, de maneira leviana e mais.
Inverte o fundamentalismo de um trabalho sério e coeso, sem olhar para dentro de onde pisa. Ou fingindo não ver.

Em novembro de 2023, enquanto formava o projeto Orcon Press, e buscava meios de sua viabilização, também construía em paralelo, nosso Instituto de Projetos Sociais.
Não haveria como ter um Site de Notícias, sem que tivesse um Instituto que olhasse a quem precisa, ajudasse e melhorasse a vida das pessoas.
Sou deficiente visual, e como tal, conheço os enormes desafios que pessoas como eu enfrentam.
Na independência da superproteção da família, no fato de sempre estar tendo que mostrar nossas capacidades a sociedade.
Promover ações sociais e inclusão, eram metas que gostaria de traçar.
Decidi, convidar a participar do nosso Instituto, uma deficiente visual tão engajada como eu, Manuela Becker.
Que além de invisual, é também assistente social, e se encaixaria perfeitamente no que buscava.
Em uma de nossas primeiras conversas, Manuela me disse, me lembro bem.
“Vamos criar competições inclusivas para deficientes visuais.
Com modalidades que não são tão divulgadas e não tem tanto apoio. Vamos apoiar essas pessoas.”
Eu a cortei de imediato.
“Podemos trazer jogos de xadrez”, ela me disse, como uma das modalidades sugeridas.
E como disse, a cortei de imediato.
Na minha visão não deveríamos usar recursos da Instituição que estava começando, para promover competições.
Esses recursos estariam melhor empregados em outras áreas sociais, porque muitos deficientes visuais, e pessoas sem deficiência, precisam de suporte a saúde, educação, entre outras metas.
Não éramos obrigados a fazer, mas queríamos, e isso para mim era a prioridade.
Captar recursos para melhorar de fato, a vida e o atendimento dessas pessoas.
Disse a ela: “Vamos nos estabilizar com as questões sociais primeiro, deixa o esporte pra depois, isso é questão secundária”.
E assim fizemos.

Em janeiro de 2024, o Orcon Press nasceu.
A princípio também o Instituto de Inclusão Social ao Invisual, que depois mudou de nome para Instituto Novorcon.
Quando passou a atender outras áreas, como saúde. Como eu gostaria que fosse feito.

No final de janeiro, Manuela voltou a me procurar.
“Estamos começando um trabalho bacana, mas ainda acho que devemos trabalhar a área do esporte como inclusão.
Através do esporte, nós podemos mostrar as capacidades dos invisuais pra sociedade.”
Minha resposta a ela foi:
“Não temos recursos para investir em esportes. Se trouxer os recursos pode fazer.
Mas não tiraremos agora, da Instituição para isso, temos outras prioridades.”
Eu parecia ter um presságio que aquilo seria um problema.
Manuela por sua vez, estava obstinada a mostrar a sociedade, que o esporte seria uma excelente forma de inclusão.

Em uma semana, nossa assistente social coordenou reuniões, conseguiu angariar consideráveis recursos, e me trouxe montado um torneio de xadrez voltado ao público deficiente visual.
Conversamos e diante a ela cumprir com o que eu disse, ela conseguiu os recursos, assinei a criação da Copa Novo de Xadrez para Invisuais.
Lançamos um edital ainda em janeiro, projetando como o torneio seria.
Amplamente divulgamos a ação e como seriam escolhidos os participantes.
32 deficientes visuais, 8 por região do Brasil, que iriam competir em jogos mata-mata.
Nossa competição ganhou destaque ao ser conhecida no país, e muita gente gostou do modelo que criamos.
Logo também criamos uma competição para o atletismo e a Liga Orcon de Competições Inclusivas para Invisuais.
Não estávamos querendo tomar o espaço de ninguém, estávamos promovendo inclusão social.
Nossa forma e nosso entendimento de inclusão, difere de algumas pessoas, o que numa democracia vem a ser algo inteiramente normal.
Quando nós ganhamos tração com o projeto do xadrez, descobrimos que inúmeras pessoas queriam jogar, mas não podiam, por conta dos custos altos de se tornar um enxadrista.
Os tabuleiros já começavam como um custeio elevado que muitos não tinham condições, e que as entidades de xadrez, também não tinham como fornecer, porque não dispunham de dinheiro para isso.
Vimos uma oportunidade de ajudar.
Nos reunimos com a Federação de Xadrez para deficientes visuais no Brasil, a pedido da diretoria da mesma.
A entidade queria saber, como conseguimos custear nosso torneio, se não gostaríamos de usar o ranking que eles usam nas suas competições oficiais, e eu expus a minha vontade em patrocinar o esporte para aprendizes.

A reunião creio, foi produtiva. Porque ambos conhecemos os projetos um do outro, e discutimos os seus pontos essenciais.
Depois da reunião, também fomos procurados por outras entidades inclusive de fora do país, afim de entender e participar de nossa Liga.
Formamos então a Copa Novo Master de Xadrez e Atletismo para Invisuais, que seria disputada ano que vem, na Dinamarca, através das parcerias firmadas aí.
A Federação de Xadrez no Brasil, agradecemos, mas não quisemos usar as pontuações do Ranking.
Porque nosso modelo desenvolvido era diferente desse rankeado por eles.
Não há nada contra o Ranking. Apenas desenvolvemos os torneios pensando numa temática diferente.
O que é normal e saldável, creio.
A Manuela, dei parabéns. O esforço dela valeu apena, porque construímos algo realmente bonito.
Que outras pessoas viram, se interessaram, nos procuraram para conhecer.
O objetivo de incluir e difundir o esporte ao PCD estava funcionando.

Também fui procurado por um grupo de mulheres, que desejavam conhecer mais sobre nosso projeto.
Nosso torneio e como conseguimos os recursos.
Essas deficientes visuais, queriam fazer um torneio de enxadrista só feminino.
Uma ideia que eu gostei muito a princípio também.
Elas apresentaram um projeto para mim, de modo que eu dissesse, eventuais coisas que poderiam ser melhoradas para que buscassem o patrocínio e a realização de seu torneio.
Aceitei claro, ajudar. Não havia nada de mais na consultoria oferecida.

O tempo foi passando e em março, fizemos nossas inscrições de nosso torneio de xadrez no Brasil.
Foi surpreendente porque vimos, 1903 pessoas se inscreverem para participar.
Era tanta gente que nem sabíamos como surgiram tantas pessoas interessadas.
Mas não era nada de estranho nisso, já que vivemos num país com 6500000 de pessoas com deficiência visual.
Não há como precisar quantas dessas sabem jogar o xadrez.
E no nosso torneio, não exigíamos experiência, apenas que conhecessem as regras, aceitassem nossos termos, e topassem participar do processo de seleção.

Fizemos o sorteio e escolhemos os 32 participantes. 8 por região.
E então foi quando o que parecia ser algo bom, que no começo me mostrei reticente em autorizar, degringolou.

Primeiro, o projeto montado pelas mulheres enxadristas que queriam fazer um torneio, nunca chegou as minhas mãos.
Manuela diante ao número de mulheres que se inscreveram para participar de nosso torneio, me perguntou se não poderíamos organizar um torneio feminino.
Assim poderíamos ampliar a participação das invisuais no esporte.
Disse a ela que não, porque receberíamos um projeto para eu dar consultoria, que ia exatamente na linha de criar o torneio feminino e não queria que as enxadristas pensassem que nós estaríamos contra elas.
Ao contrário estávamos favoráveis e dispostos a ajudar. Ainda que na ideia da Manu, a competição fosse seguir as regras de nosso torneio geral e portanto ser diferente.
Como o projeto nunca veio para as minhas mãos, no dia 8 de março, Manuela apresentou novamente a ideia, no Dia Internacional da Mulher.
Então eu aprovei como Presidente do Instituto Novorcon, a realização.
Desde que o projeto fosse como o nosso torneio geral, e que tivesse a limitação de vagas.
Desde que a Manuela trouxesse os recursos para que não retirássemos nem um centavo do caixa do Instituto.
E claro, desde que fosse em data diferente da que me foi dita pelas meninas do xadrez, para não prejudicar os torneios se elas mais pra frente apresentassem alguma coisa.

Dias depois de tudo estar certo, editais publicados e o torneio geral ter seus jogadores anunciados, a surpresa.
Alguém, de maneira covarde, e anônima. Daí a covardia.
Porque a pessoa poderia se apresentar com nome, sobrenome e CPF, só que não fez isso.
Fez anônima e bem orientada, de modo que, em se provando que o que ela estava dizendo era uma inverdade, como de fato é, nós não poderíamos processa-la de volta.
Essa pessoa então foi apresentar as autoridades uma denúncia contra as ações do Instituto, o trabalho executado e o torneio de xadrez.
As acusações são tão infundadas que beiram a loucura.
Contudo cabe as autoridades e não os critico por isso, se receber uma notícia crime, apurar.
Nós, demonstramos dentro de nossas possibilidades tudo aquilo que poderíamos demonstrar.
E sim, preservamos pela Lei Geral da Privacidade de Dados, todos os inscritos e selecionados a participar do nosso torneio.
Assim como protegemos os nossos atendidos em projetos sociais, os nossos assinantes, etc.
Cumprimos rigorosamente o que diz a lei, e não nos refutamos em mostrar a verdade em cada fato.

Para se evitar maiores transtornos, dores de cabeça e com isso, por fim a acusações, decidi excluir a modalidade de xadrez da Locii.
Nossa liga de competições.
Com isso também os torneios anunciados deixariam de existir.
Antes falei pessoalmente com nossos patrocinadores, explicando a eles os motivos pelos quais desistimos.
Gostaríamos de continuar nosso trabalho, e atuar em áreas em que realmente não tivéssemos dor de cabeça.
Os recursos que não queríamos gastar do próprio caixa, e que não gastamos por conta dos patrocínios levantados, agora teriam que ser gastos em defesa de processo.
Isso não era justo nem correto.
Não era um discurso de criança. Não era um pronunciamento para enganar ninguém, o apresentado no dia 20 de março, anulando a modalidade de xadrez de nossas competições.
Trabalhamos sério e de forma coesa e meus quase 17 anos como jornalista, provam isso.
Minha carreira fala por si só, e de novo.
Tudo o que fazemos, dentro da legalidade, com muito respeito a todos.
Não nos escondemos, não fomos covardes, respondi a cada questionamento solicitado.
Enquanto alguém, que nunca eu vou saber quem, preferiu se esconder por trás das sombras do anonimato.

Como a competição foi anulada, deixamos esse capítulo para trás.
Decidimos seguir em frente, e por uma pedra no assunto.
Mas, comentários e ataques não cessaram mesmo com o cancelamento do torneio e seus desdobramentos.
Por esta razão, de novo, estou aqui, e de novo de forma clara e objetiva, estou explicando o que aconteceu, ponto a ponto, em todas as áreas do xadrez.
Não estou aqui para prejudicar ninguém, da forma como fui prejudicado.
Não estou aqui para querer destruir a vida ou a carreira de ninguém, como tentaram fazer.
Não foi cometida nem uma irregularidade.
E nem mesmo no torneio feminino como falaram, não houve qualquer tentativa de plágio.
Uma, porque o nosso era diferente e com regras diferentes.
Outra que plágio se aplica a obras literárias ou de artes, não a esportes.

Tendo dito isso, o que de fato me deixa chateado e indignado, é que as críticas que alguns, uma pequena minoria, dispararam, não levam em consideração o trabalho que foi realizado para tentar se criar algo bom.
E mais. A pessoa que covardemente e anonimamente tentou nos prejudicar denunciando, não fez a mesma coisa diante a escancaradas denúncias sérias que pesam no universo do xadrez brasileiro.
São situações de negligência médica, estupros inclusive com invisuais que saíram grávidas desses abusos, e que ninguém fala.
Preferem se calar.

Não cabe a mim, julgar esses acontecimentos.
Mas cabe ao denunciante, um exame de consciência dos seus atos.
Desafio ao covarde que apresentou uma denúncia infundada, apresentar uma denúncia verídica contra os crimes de verdade preconizados dentro do Xadrez.
E mais, desafio a esta pessoa, quem quer que seja ela, procurar as vítimas e explicar, porque foram encorajadas a não apresentar denúncia na época.
Se quiserem fazer justiça de verdade por essas mulheres, ainda há tempo.
Já que o crime de estupro não prescreve no Brasil.
Não apresentaremos fatos em forma de denúncia a respeito desse assunto, porque as vítimas não querem falar.
Tudo que elas querem é esquecer o pior trauma de suas vidas.

Uma última observação a se destacar.
Não guardo raiva, não quero mal, a Federação Brasileira de Xadrez para Deficientes Visuais.
Nem as meninas que me procuraram, para falar sobre o torneio feminino.
Desejo sorte e sucesso para todos, dentro de suas áreas de atuação.
Agradeço imensamente os apoios recebidos de entidades do Reino Unido, Alemanha, Portugal, Polônia e Dinamarca, após o cancelamento da modalidade.
E que queriam que eu continuasse com as competições internacionais, mas que eu optei por não prosseguir.
Para todos, ressalto que estimo muito sucesso de novo, nessa caminhada de inclusão esportiva.
Apenas não pretendo mais abrir espaço, e creio que entendem o motivo, para esta modalidade.
Estou aberto a qualquer esclarecimento eventual, se alguém quiser me contactar.

“A maldade humana não pode ser maior do que a força da verdade.”