Jornalista Guilherme Kalel

Liberdade de Opinião: O golpe de Bolsonaro e o momento de pensar

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15/02/2024

O Brasil tem assistido aos últimos dias de uma maneira estarrecedora, os desdobramentos de operações policiais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos.
Ao que indicam as provas apresentadas até aqui, enquanto Presidente da República, Bolsonaro e aliados mais próximos agiram juntos para tentar implementar um golpe no país, que no final não deu certo.

A ideia era unir agentes civis e Militares, para a abolição do estado democrático de direito como hoje o conhecemos, reimplantando um regime ditatorial no país.
Felizmente partes deste plano não deram muito resultado como Bolsonaro esperava, e pouco a pouco, revelações estarrecedoras são feitas dos episódios precursores da tentativa de golpe.
A Polícia Federal contudo, tem agido de maneira perigosa em cada desdobramento das investigações.
Embora muitos falem em cautela por parte dos agentes federais, para se evitar erros como os que ocorreram na Lava Jato, e que culminaram em nulidade de processos e condenações posteriores, para muita gente a percepção é de perseguição política para abolir de vez Bolsonaro da vida pública.
O ex-presidente está inelegível até 2030, por condenações no TSE.
O sentido então de torna-lo cada vez mais tóxico, passa para minar sua capacidade de fazer um sucessor no bolsonarismo.
A ideia é que qualquer nome apoiado por Bolsonaro, perca o apoio popular e seja ligado a mancha de golpista.

Na prática o Brasil hoje é dividido em dois espectros, que não fazem bem para o país.
Se de um lado a turma Bolsonaro gostaria de dar um golpe que não foi tão bem orquestrado, por outro lado há aqueles aliados de Lula e o próprio, com um longo e indefinido projeto de poder.
O país fica dividido e a polarização aumenta, a medida que escândalos aos montes surgem.
E neste ponto é preciso se analisar, até que ponto as acusações contra Bolsonaro e aliados tem fundamento e base, e onde começam as perseguições.
Lula que sempre alegou ser perseguido politicamente na época da Lava Jato, mas que sim, cometeu crimes, faz agora a mesma perseguição que num passado recente alegou sofrer.
Dois pesos e duas medidas, onde o fiel da balança é o Supremo Tribunal Federal, especificamente na pessoa do Ministro Alexandre de Moraes, que hoje lidera as operações contra Bolsonaro.

Se no passado Sérgio Moro era o pesadelo para Lula, no presente Moraes é o maior pesadelo de Bolsonaro.
Quem acompanha mais de perto cada desdobramento sabe, que tarda mas não falha a prisão de mais um ex-presidente.
E aí o Brasil entra em outro aspecto e precedente perigoso.
Há tempos ex-presidentes vem sendo alvo de operações da Polícia Federal inclusive com detenções.
Além de Lula da Silva, Michel Temer chegou a ser detido no passado recente.
Mas no caso de Temer as acusações contra si, foram arquivadas por falta de provas e a detenção demonstrada como exagero.
Todos aqueles que cometeram qualquer crime, independe do espectro político, precisam ser punidos.
Mas é preciso com total certeza, aplicar a punição com fatos.
Mais do que isto, é preciso punir com responsabilidade, sem cunho político ou qualquer perseguição.
Os episódios recentes apenas inflamam mais uma nação dividida e que precisa de paz e não de mais munição para a guerra.

Guilherme Kalel
Jornalista e Escritor. Editor Responsável pelo Portal Orcon Press
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